História da Alemanha
Povos Germânicos
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0090 | Criação da província da Germânia |
0843 | Primeiro estado alemão (Império Franco Oriental) |
1806 | Invasões Napoleônicas |
1813 | Libertação de Napoleão |
1830/31 | Revoluções liberais e nacionais |
1870 | Alemanha tal como é hoje (Guerra Franco-alemã) |
1933 | Subida de Adolf Hitler ao poder |
1945 | Fim da Segunda Guerra Mundial e morte de Hitler |
1957 | Entrada na CEE (Comunidade Econômica Européia) da República Federal da Alemanha |
1989 | Queda do muro de Berlim (Reunificação das duas Alemanhas) |
A existência da Alemanha está baseada na expansão do Império Romano do Ocidente em direção à leste e oeste da Europa. A Alemanha passou a fazer parte do mundo ocidental ao longo de três estágios principais: a Alemanha Romana, a Alemanha Teutônica e a Alemanha Colonial.
A Alemanha Romana começou a surgir quando setores do oeste e a maioria dos do sul da Alemanha tornaram-se províncias do Império Romano entre os primeiros séculos a.C. e d.C. O imperador Adriano encarregou-se da construção de uma extensa linha de fortificações conhecidas como limes ou lindes, as quais percorreram desde leste do Reno baixo central, seguindo pelo Neckar superior e virando ao norte do Danúbio. Apesar de ter como propósito evitar as invasões das tribos bárbaras assim como a maioria das fortificações na história Romana, as limes não provaram ser uma barreira definitiva. Ao contrário disso, as divisas estabelecidas foram ocupadas e as partes cercadas da Alemanha formaram uma importante região do Império Romano.
Foi na cidade alemã de Trier que Constantino, o Grande, foi proclamado imperador por suas legiões (uma legião no Império Romano significava um corpo de 3 a 6 mil soldados). Mais importante para o futuro da história da Alemanha foi a participação Germânica no amadurecimento da civilização Mediterrânea. Sinagogas, templos de Mitras e igrejas de Cristo foram fundadas na Alemanha Romana. As vinhas localizadas no Reno e Moselle são monumentos duradouros do material cultural trazido pelos romanos para a Alemanha. A civilização Mediterrânea, entretanto, era em sua maior parte urbana e as primeiras cidades alemãs tais como Colônia, Bonn, Trier, Mainz, Strasburg, Augsburg, Regensburg e Viena foram construídas pelos romanos - todas se apóiam em fundações romanas. Talvez não seja nenhum acidente que o Catolicismo Romano Ter encontrado suas mais firmes raízes na Alemanha Romana.
O segundo estágio começou quando territórios Germânicos entre o oeste do Reno e o leste dos rios Elba e Saale agregaram-se ao mundo ocidental mais de cinco séculos após a era de Constantino. A subjugação à Carlos Magno e a cristianização dos Saxões no final do século VIII e início do século IX foram os eventos centrais para acarretar que as tribos teutônicas estivessem sob comando de um governo comum. Por algum tempo pareceu-se que se conduzia a uma nova fragmentação. Mas em 911 d.C. um rei alemão foi eleito. Este foi então o ano de nascimento da história alemã. Após 962, o rei alemão tornou-se também imperador Romano, com sua coroação imperial feita pelo Papa.
Em 911 d.C. a Alemanha era constituída de cinco ducados tribais: Saxônia, Francônia, Bavária, Suábia e Lorraine. As tribos teutônicas eram de forma alguma raças aborígenes. As características físicas apresentadas por elas eram o resultado de uma mistura com outras raças mais antigas. No sul da Alemanha a influência da raça Dinárica era aparente, enquanto que ao norte traços Nórdicos prevaleciam.
Os povos dos ducados originais mostravam traços característicos também na cultura e na língua. Apesar dos ducados tribais terem perdido papel político na história da Alemanha por volta do século XIII e terem sido substituídos por outros e também usualmente por unidades regionais menores, seus dialetos tribais e folclore têm sobrevivido até os presentes dias e até mesmo representam forças poderosas no que diz respeito à diversidade cultural.
Mas além das Alemanhas "Romana" e "Teutônica", uma Alemanha "Colonial" foi colocada em existência, marcando então o terceiro estágio durante o qual partes da Alemanha agregaram-se ao mundo ocidental. O dirigente Carolíngeo já havia tentado expandir seu controle para a linha leste do Elba-Saale e rio Danúbio baixo. Esta política foi renovada por imperadores Saxões e Silésios no século X. Uma vez que os magiares (húngaros) foram definitivamente derrotados por Otto I em Lechfeld, próximo à Augsburg, em 955, o progresso da germanização para aquilo que mais tarde se chamou de terras austríacas foi relativamente rápido e contínuo.
A população eslávica destes territórios foi influenciada pelas invasões dos magiares e pela fronteira alemã logo estabelecida contra os magiares no rio Leitha, permanecendo até os dias atuais. Colonos bávaros e mais tarde também os francônios migraram para esta região e absorveram facilmente os fracos elementos eslávicos. Após o século XII nada mais se ouviu dos eslavos nessa área, que se tornou parte integrante da Alemanha Teutônica. Um desenvolvimento similar ocorreu ao norte, em Holstein.
A expansão alemã para o nordeste não foi marcada por um progresso ininterrupto. No final do século X, a influência política alemã pareceu ter alcançado o rio Oder e até mesmo o cruzado em determinados locais. Mas a revolução eslávica em 982 desfez a maioria destes sucessos iniciais alemães.
Foi entre 1150 e 1350 que o país que até 1945 formou um terço da Alemanha moderna foi germanizado de fato. Acredita-se freqüentemente que a migração e a colonização alemã no leste seja a principal fase da luta histórica entre germânicos e eslavos. Mas um sentimento e uma direção nacionalistas faltaram em ambos os lados. Os imperadores alemães estavam totalmente concentrados em suas tramas italianas, que os levaram à ruína e ao período de empobrecimento da Interregnum entre 1250 e 1273. A direção política planejada que foi encontrada entre os alemães era exercida pelos príncipes individualmente, quer seculares (sem religião) quer eclesiásticos, pelas cidades e pela nobreza alemã. Suas políticas não teriam tido qualquer efeito se eles não tivessem um forte apoio popular. A força dinâmica propulsora da migração alemã para leste foi o rápido crescimento populacional da Alemanha e sua fome por novas terras.
Superpopulação é um termo relativo. O número de pessoas que podem viver em um quilômetro quadrado depende não somente da fertilidade do solo mas também do domínio tecnológico que essas pessoas possuem. Mais do que isso, as oportunidades industriais e comerciais de quaisquer região e época devem ser levadas em consideração. A superpopulação nestes termos ocorreu primeiramente nas partes mais antigas da Alemanha, ou seja, Holanda e Frísia; e os "flamengos" começaram a se dirigir para leste. Os colonos que ocupavam a região do Reno estavam próximos, mas no fim pessoas de todas as partes da Alemanha contribuíram para a migração.
O motivo econômico sustentou atrás dele a força comum. Não dá para se negar o antagonismo que existia entre germânicos e eslavos. O nome 'eslavo', ou seja, servo, que os alemães deram aos seus vizinhos do leste, era indicativo do desprezo que eles sentiam por eles. A igreja freqüentemente estimulava bastante esse sentimento para a direção de um ódio violento dos pagãos. A pior externação deste espírito de cruzada selvagem ocorreu em 1147 através da suposta cruzada dos Vênedos. Mas durante o período decisivo da migração alemã para leste, de 1150 a 1400, não aconteceu nenhuma luta séria, exceto em Holstein, e nas regiões vizinhas a Mecklenburg, bem como na Prússia, onde os cavaleiros teutônicos, uma ordem religiosa militar alemã, exterminou a tribo eslava dos prússios. Na maior parte de Mecklenburg, na Pomerânia, em Brandenburg e na Silésia o assentamento dos imigrantes germânicos ocorreu de forma pacífica.
As tribos eslavas individualmente não possuíam nenhuma unidade política entre si. Elas eram antes de tudo muito dispersas nas terras a leste do Elba e tinham sofrido excessivas perdas nas lutas de invasão do leste e do oeste. A economia dos eslavos era a agricultura primitiva. Suas ferramentas não permitiam a agricultura intensiva ou a remoção de madeira. Os alemães trouxeram com eles técnicas mais desenvolvidas - notavelmente seus pesados arados de ferro - e métodos mais elaborados de administração das terras e animais. Eles eram capazes de remover florestas, e os Holandeses (Dutch) e os Frisões eram particularmente habilidosos na construção de diques e brejos para drenagem. Mineração era a arte em que os alemães medievais se sobressaíam e que eles trouxeram para leste, junto com as mais antigas habilidades industriais do oeste.
Os alemães construíram as primeiras cidades e metrópoles na região leste do Elba. A melhora nas condições de moradia seguida da vinda destes recém-chegados fizeram com que a maioria dos alemães acolhessem os residentes dos países eslavos. As leis e formas de política mais livres eram também atrativas. Eslavos entre o Elba e o Oder eram impenetráveis frente as tentativas polonesas de conquistá-los. Eles preferiam, como eles próprios expressavam, a liberdade alemã à tirania polonesa. Até mesmo na Prússia, onde o desejo eslávico de independência levou a um trágico conflito, as instituições políticas e sociais alemãs eram consideradas como preferíveis quando comparadas àquelas da Polônia.
Em contraste com a situação que existiu nos séculos posteriores, os alemães medievais do leste do Elba desfrutaram de muito mais direitos individuais do que aqueles do oeste, principalmente porque as oportunidades econômicas no leste eram naquela época ainda ilimitadas e havia grande demanda pelo potencial humano, particularmente o potencial humano especializado desde o Império.
A Alemanha Colonial que foi criada como resultado da migração para leste dos alemães entre 1150 e 1350 era composta de fronteiras incertas e de nova tez. No país entre o Elba e o Oder, na Pomerânia e na maioria da Prússia, alemães e eslavos estavam misturados. Na floresta Spreewald da Lusácia, uma pequena comunidade Sérvio-vênedo manteve-se à distância, preservando sua língua e muito de seu antigo folclore século XX adentro. Igualmente à parte sul da Prússia, após o extermínio dos prússios pelos cavaleiros teutônicos, tribos polonesas se estabeleceram; elas se tornaram os Masurianos, que nunca mostraram ambição pela separação política mas continuaram a falar sua língua eslávica e mantiveram-se fiéis aos seus próprios costumes.
Na mistura alemães e eslavos, elementos germânicos foram provavelmente mais fortes em alguns distritos do que em outros. Brandenburg recebeu dentre a probabilidade total mais colonos alemães do que na Pomerânia do leste ou Silésia. As várias regiões do leste mostraram algumas peculiaridades que eram extensão dos antigos ducados originais. Os alemães do leste do Elba eram descendentes dos migrantes provenientes de todos os históricos ducados alemães assentados então juntos no país eslávico e formando um tanto quanto rapidamente com os moradores eslavos um novo grupo étnico. Apenas onde os imigrantes alemães vieram esmagadoramente de um ou dois antigos ducados, como em Holstein, em Schleswig, na Áustria e apesar de em muito menor grau, na Saxônia superior, os novos territórios efetivamente mostraram uma próxima semelhança aos ducados vizinhos.
Mas no final das contas, as origens étnicas não foram fatores importantes no desenvolvimento de um caráter no distrito do leste do Elba. A relativa separação geográfica desta região do resto da Alemanha e as especiais forças históricas e naturais que os alemães do leste do Elba tiveram que se deparar os separaram dos alemães no império original. Como a resistência do leste fortificou-se e como a economia alcançou seus limites de expansão e foi chacoalhada por uma grande crise interna e externa, o leste do Elba se tornou a Alemanha na qual disciplina e subordinação, ambos na vida civil e militar, eram consideradas as mais altas virtudes e os direitos individuais contavam pouco.
Sumário
Um ponto muito discutido é o local de origem dos povos germânicos. Embora alguns historiadores acreditem que seu berço tenha sido a Escandinávia, a hipótese mais provável é que sua procedência seja a Ásia ocidental. Muitos de seus grupos passaram a habitar uma vasta área européia limitada pelo Reno, Mar do Norte, mar Báltico, rio Danúbio, rio Vístula e montes Cárpatos. Embora estabelecidos nessa região há muitos séculos, só foram conhecidos pelos romanos no século II a.C.
Entre romanos e germânicos interpunha-se o domínio celta, que recobria a área entre as desembocaduras do Tejo e do Dnieper, ocupando metade do que hoje é Espanha, a Gália, o Norte da Itália, parte da Alemanha, a Boêmia e as ilhas Britânicas.
Quem primeiro tentou classificar os povos Germânicos foi o general e estadista romano Júlio César (100-44 a.C.), em seus Commentarii de Bello Gallico (Comentários sobre a Guerra Gálica). Mais tarde, em 98 d.C., o historiador Cornélio Tácido (54-120?), em sua obra De Origine, Situ, Moribus ac Populis Germanorum (Sobre a Origem, Localização e Costumes dos Povos Germânicos), classificou-os em três grupos principais, dos quais os demais teriam se originado: os inguevões (caucos, cimbros, teutões, angrivários, frisões, queruscos), os istevões (gambrívios, camavos, bructeros, usípios, tencteros) e os hermitões (suevos e gobardos). Essa classificação omite os povos que habitavam a Escandinávia, bem como os que viviam além dos Cárpatos. No início da era cristã, essas populações já se encontravam na fase de estratificação pré-nacional: escandinavos, vândalos, gôdos (visigodos e ostrogodos), lombardos, francos, alamanos (que originaram o nome Alemanha), bungúrdios, anglos, saxões, frisões, etc.
Como citado anteriormente, o nome Alemanha deriva da denominação de um dos grupos germânicos que invadiram o Império Romano em desagregação, localizando-se numa certa região da Europa Central: os alamanos (do germânico all º "todo" e Mann º "homem", ou seja, "todos os homens"). A homofonia do latim Germania com o latim germani º "irmãos", levou Estrabão a dizer que os romanos tinham esse provo por "irmão" dos gauleses. O elemento Deutsch, de Deutschland (nome oficial da Alemanha na língua alemã), vem de Teutsch º "teutão". Esse povo, do qual muito pouco se sabe, desapareceu da história depois de derrotado por Mário (102 a.C.).
Cornelius Tacitus (55-117?), ou Cornélio Tácido, era um historiador romano, provavelmente nascido em Roma. Tudo o que se sabe sobre ele provém de referências sobre si mesmo em seus trabalhos e de cartas escritas a ele pelo estadista e orador romano Plínio, o Grande. Parece que Tacitus ocupou os postos de questor em 79, pretor em 88 e cônsul em 97. Acredita-se que ele tenha sido procônsul ou governador das províncias romanas na Ásia em 112-13. Os últimos anos de sua vida foram dedicados principalmente à redação de seus trabalhos históricos dos quais menos da metade ainda existem.
O mais antigo trabalho conhecido de Tacitus é o Dialogus de Oratoribus (Diálogo de Oradores), escrito provavelmente em 81, valioso por sua descrição da educação romana. Vita Iulii Agricolae (Vida de Agricola, por volta de 98), um relato da vida de seu sogro, o estadista e general romano Gnaeus Julius Agricola, é um exemplo da escrita biográfica romana. O terceiro de seus curtos trabalhos, que foi inteiramente preservado é Germania (Germânia, por volta de 98), uma monografia da etnografia Germânica.
Historiae (Histórias), o primeiro dos dois grandes trabalhos de Tacitus, aparentemente publicado entre 104 e 109, trata da história do Império Romano de 69 d.C. até o assassinato do imperador Domitílio em 96. Seu trabalho mais característico, comumentemente chamado de Annales (Anais, cerca de 115-17) trata da história dos imperadores Julianos de Tibério até Nero, abrangendo os anos de 14 d.C. até 68.
O grande poder de Tacitus como historiador relaciona-se com sua introspecção psicológica e os brilhantes retratos de caráter. Seu estilo combina concisão e expressões vívidas. Ele exaltava os ideais da República Romana e forneceu retratos profundamente críticos de muitos dos imperadores romanos.
Segue abaixo trechos dos livros Agricolae e Germania, nos quais Tacitus nos dá uma descrição bem precisa dos costumes do povo Germânico. Evidentemente sob o ponto de vista crítico de um romano.
Os habitantes. Origens do nome Germânia
Os germânicos, em suas antigas canções, a única maneira pela qual poderiam lembrar ou recordar o passado, celebram um Deus nascido na terra chamado Tuisco e seu filho Mannus como a origem de sua raça, como seus fundadores. Para Mannus eles atribuíram três filhos, cujos nomes, segundo eles, dariam nomes às tribos. As tribos costeiras são chamadas Ingavões (Ingaevones), as do interior de Hermitões (Herminones) e todo o resto de Istavões (Istaevones). Alguns, com a liberdade de conjectura permitida pela antigüidade, afirmam que o Deus teve vários descendentes, e a nação diversos nomes, tais como Marsi, Gambrivii, Suevi, Vandilij, e que estes antigos nomes são nove. O nome Germânia, por outro lado, que eles dizem ser moderno e recentemente introduzido, provém do fato das tribos que primeiro cruzaram o Reno e expulsaram os Gauleses (franceses), e são agora os chamados Tungrianos, eram então chamados Germânicos. Assim o que era o nome de uma tribo, e não de uma raça, gradualmente prevaleceu, até todos chamarem a si próprios por este auto-inventado nome de Germânicos, que os conquistadores tinham primeiramente empregado para inspirar terror.
As Canções de Guerra Nacionais
Dizem que Hércules, também, uma vez os visitou; e quando se dirigem para a batalha, entoam ele como o primeiro de todos os heróis. Possuem também canções em cujas narrações (chamado baritus) despertam sua coragem, enquanto que nas melodias eles profetizam o resultado do conflito que se aproxima. Enquanto gritam enfileirados, eles inspiram ou parecem alarmados. Não é muito um som articulado, mas um grito geral de bravura. Eles almejam principalmente uma melodia estridente e um urro confuso, colocando seus escudos na boca, para que, por reverberação, possa expandir-se em um som mais forte e grave.
Características Físicas
As tribos germânicas são livres de quaisquer taras por casamentos com pessoas de nações estrangeiras e aparecem como uma raça distinta, sem mistura, como nenhuma além da sua própria. Portanto, também há as mesmas peculiaridades físicas em toda parte de tão vasta população. Todos têm aterradores olhos azuis, cabelos ruivos, enorme ossatura, conveniente apenas para uma esforço abrupto. Eles são menos capazes de arcar com trabalho árduo. Calor e sede eles não podem de modo algum suportar; para o frio e fome seu clima e solo os habituou.
Clima e Solo. Metais Preciosos
Seu país, embora relativamente variado em aparência, no entanto geralmente ou está cheio de florestas ou está impregnado com a umidade fétida dos pântanos; é mais chuvoso no lado dos Gauleses, mais frio para os lados de Noricum e Pannonia. É produtivo em grãos, mas desfavorável para árvores frutíferas; é rico em manadas e rebanhos, mas estes são em sua maioria menores que o normal, e mesmo o gado não possui sua beleza natural ou cabeça nobre. Seu número é sobretudo valorizado; eles são de fato os mais altamente prezados, de fato as únicas riquezas que pessoas possuem. Prata e ouro os deuses recusaram a eles, se em gentileza ou em cólera não posso afirmar. Não afirmaria que nenhum veio do solo germânico produza ouro ou prata, por quem já foi feita uma busca? Eles preocupam-se bem pouco em possuí-los ou usá-los. Pode-se vê-los entre navios de prata, que haviam sido presenteados a seus enviados e capitães, considerados por eles tão baratos quanto aqueles de barro. As populações das fronteiras, entretanto, valorizam ouro e prata como utilidade comercial, e estão familiares e mostram preferência por algumas de nossas moedas. As tribos do interior usam práticas de permuta de mercadorias mais simples e antigas. Eles gostam de dinheiro antigo e bem conhecido, moedas fabricadas, ou mostrando-se uma biga de dois cavalos. Eles também preferem prata a ouro, não devido a qualquer gosto em especial, mas porque um grande número de peças de prata é mais conveniente para ser permutado entre os negociantes com os artigos comuns e baratos.
Armas, Manobras Militares e Disciplina
Até mesmo o ferro não é abundante para eles, quando nós inferimos quanto ao caráter de suas armas. Mas poucos usam espadas ou longas lanças. Eles carregam um arpão (framea é o nome que dão a ele), com a ponta estreita e curta, mas tão afiada e fácil de manejar que a mesma arma serve, de acordo com as circunstâncias, para conflitos de perto ou à distância. Enquanto para o soldado cavaleiro, este está satisfeito com um escudo e um arpão; os soldados à pé também espalham chuvas de projéteis, cada homem tendo vários deles e lançando-os a uma distância imensa, e estando nus ou levemente trajados de uma pequena capa. Não há exibição de seus equipamentos; seus escudos sozinhos são marcados com cores bem selecionadas. Uns poucos têm corseletes, e apenas um ou dois às vezes um capacete de metal ou couro. Seus cavalos não são notáveis nem pela beleza, nem pela rapidez. Nem são ensinadas a eles as diversas evoluções como a nosso modo, mas são conduzidos em linha reta para frente, ou então para fazer uma conversão para a direita em tal corpo compacto que nada de espaço é deixado um atrás do outro. No geral, alguém diria que sua força principal é sua infantaria, que luta junto com a cavalaria; admiravelmente adaptada à ação da cavalaria é a rapidez de certos soldados à pé, que são escolhidos dentre toda a juventude de seu país, e colocados à postos na posição da linha de frente. Seu número é fixo - cem de cada cantão; e destes eles recebem seus nomes dentre os seus camponeses, para que o que era originalmente um mero número não se torne um título de distinção. Sua linha de batalha é colocada em ordem de batalha semelhante à formação de uma cunha. Retirar-se, contanto que se volte ao ataque, é considerado prudência antes de covardia. Os corpos de seus assassinados eles dão cabo mesmo em combates indecisos. Abandonar seu escudo é o mais básico dos crimes; nenhum homem pode assim desgraçado ser apresentado aos rituais sagrados ou entrar em seu conselho; muitos, de fato, após escapar da batalha, têm terminado suas infâmias com o enforcamento.
Governo. Influência feminina
Eles escolhem seus reis por nascimento, seus generais por mérito. Estes reis não têm poder ilimitado ou arbitrário, e os generais fazem mais por exemplo do que por autoridade. Se eles são enérgicos, se eles são proeminentes, se eles lutam na linha de frente, eles estão à frente porque são admirados. Mas para repreender, aprisionar, até mesmo chicotear, isso é permitido somente aos padres, e não como punição, ou por ordem do general, mas como delegação de Deus que eles acreditam inspirar o guerreiro. Eles também carregam com eles para batalha certas figuras e imagens retiradas de seus bosques sagrados. E o que mais estimula sua coragem é que suas esquadras ou batalhões, ao invés de serem formadas por acaso ou por reunião acidental, são compostas por famílias ou clãs. Perto deles, também, estão aqueles mais queridos por eles, de forma que ouvem os gritos das mulheres, os choros das crianças pequenas. Estes são para todo homem as mais sagradas testemunhas de sua bravura - eles são seus mais generosos aclamadores. O soldado traz seus ferimentos para a mãe e a mulher, que não se acovardam que se conte com elas ou mesmo que se exija delas e também administram a comida e encorajam para os combates.
A tradição diz que tropas já hesitantes e desmoronadas têm sido reagrupadas pelas mulheres que, com fervorosas súplicas e seios à mostra, têm ativamente representado os horrores da escravidão, a qual os germânicos temem com tal extrema veneração em nome de suas mulheres, com a mais forte ligação que tal condição requere de um ser, entre o número de reféns, donzelas de descendência nobre.
Eles até mesmo acreditam que o sexo possui certa santidade e presciência (conhecimento prévio do futuro), e eles não menosprezam seus conselheiros ou dão menos importância às suas respostas. Nos dias de Vespasian, eles viram Veleda, há muito tempo considerada por muitos como uma divindade. Nos tempos passados, também veneravam Aurínia, e muitas outras mulheres, mas não com bajulações servis, ou com falsas idolatrias.
Deuses
Mercúrio é o Deus a quem eles cultuam principalmente, e em certos dias eles julgam como certo sacrificar a ele até mesmo vítimas humanas. Hércules e Marte eles satisfazem com oferendas mais lícitas. Alguns dos Suévios também sacrificam para Ísis. Da ocasião e origem deste rito estrangeiro eu não descobri nada, mas que a imagem, talhada como um navio, indica um culto importado. Os Germânicos, entretanto, não consideram consistente com a grandeza dos seres celestiais confinar os Deuses entre paredes, ou compará-los com a forma de qualquer fisionomia humana. Eles consagram florestas e bosques, e usam nomes dos Deuses como abstração do que vêem no culto espiritual.
Pressentimentos e Métodos de Adivinhação
Presságio e adivinhação tirando a sorte nenhuma pessoa exercita mais estudiosamente. O uso de jogos da sorte é simples. Um pequeno ramo é cortado de uma árvore frutífera, e por sua vez cortado em pequenas partes; estas são distinguidas por certas marcas, e jogadas sem cuidado e ao acaso sobre uma peça de roupa branca. Nas questões públicas o sacerdote de uma posição particular, em particular o pai da família, invoca os Deuses, e, com seus olhos em direção ao céus, encurta cada pedaço três vezes e encontra neles um significado conforme a marca previamente impressa neles. Se eles mostram ser contrários, não há mais consultas naquele dia sobre o problema; se eles aprovam, a confirmação do presságio é ainda necessária. Também é familiar a eles a prática da consulta da melodia e vôo dos pássaros. É peculiar a essas pessoas solicitar presságios e advertências dos cavalos. Mantidos às custas públicas, nestas mesmas florestas e bosques, estão cavalos brancos, puros da desgraça do trabalho terrestre; eles são emparelhados em um carro sagrado e acompanhados pelo sacerdote e o rei, ou chefe da tribo, que observam seus relinchos e roncos. Em nenhuma espécie de presságio confiasse mais, não somente pelo povo e nobreza, mas também pelos sacerdotes, que se consideram como ministros dos Deuses, e os cavalos como conhecedores de suas vontades. Possuem também um outro método de observação de prenúncios, pelo qual eles procuram ficar sabendo o resultado de um guerra importante. Tendo tomado, por quaisquer meios, um prisioneiro da tribo com a qual estão em guerra, eles colocam-no para brigar contra um homem escolhido de sua própria tribo, em que cada combatente utiliza armas de seu país. A vitória de um ou outro é aceitada como uma indicação do resultado.
Conselhos
As despeito de problemas menores, os chefes deliberam sobre os mais importantes para toda tribo. Até mesmo quando a decisão final depende das pessoas, a questão é sempre inteiramente discutida pelos chefes. Eles se reúnem, exceto em casos de emergência inesperada, em certos dias fixos, ou na lua nova ou cheia; consideram isso como período favorável para a transação de negócios. Ao invés de cálculos por dias como nós fazemos, eles calculam por noites, e desta maneira fixam ambos seus compromissos jurídicos ou rotineiros. Consideram a noite como a ocasionadora do dia. A autonomia deles tem esta desvantagem, uma vez que eles realmente não se reúnem simultaneamente ou quando são convidados, mas com dois ou três dias perdidos em atrasos da assembléia. Quando a multidão acha apropriado, eles sentam-se armados. O silêncio é proclamado pelos sacerdotes, que têm nestas ocasiões o direito de manter a ordem. Então o rei ou o chefe, de acordo com a idade, nascimento, e distinção na guerra, ou eloqüência, é ouvido, mais porque ele tem influência em persuadir do que porque ele tem poder para comandar. Se seus pontos de vista os descontentam, eles os rejeitam com murmúrios; se eles estão satisfeitos, eles brandeiam seus arpões.
Punições. Administração da Justiça
Nos seus conselhos uma acusação pode ser submetida à apreciação ou um crime capital acionado. As penalidades são distinguidas de acordo com a transgressão. Traidores e desertores são enforcados em árvores; o covarde, o avesso à ser guerreiro, o homem maculado com defeitos abomináveis, é lançado no lodo do pântano com um obstáculo colocado sobre ele. Esta distinção em punição significa que o crime, em sendo punido, eles acreditam, deve ser exposto, enquanto a infâmia dever ser enterrada fora de vista - transgressões leves, também, têm penalidades proporcionais a elas; aquele que é sentenciado, é multado com um certo número de cavalos ou gado. Metade da multa é paga ao rei ou ao estado, metade à pessoas cujos danos estão vingados e para seus parentes. Nestes mesmos conselhos eles também elegem o chefe dos magistrados, que aplica a lei nos cantões e nas cidades. Cada uma destas tem cem associados escolhidos entre as pessoas, que apoiam seus conselhos e influências.
Treinamento da Juventude
Eles não efetuam nenhuma transação de negócios público ou privado sem estar armados. Não é, entretanto, usual para nenhum deles portar armas até que o estado tenha reconhecido a sua capacidade para tanto. Então, na presença do conselho, um dos chefes, ou o pai do jovem, ou algum parente, equipa-o com um escudo e um arpão. Estas armas são o que a toga é pra nós, a primeira honraria com que um jovem é vestido. Até esta época ele é considerado como um membro do lar, após isso como um membro da comunidade.
Descendência muito nobre ou grandes serviços prestados pelo pai garantem aos rapazes o posto de chefe. Tais jovens atribuem a si próprios como homens de força desenvolvida e bravura de muito tempo comprovada. Não há humilhação em ser visto entre seguidores de um chefe. Mesmo em seu comboio existem gradações de postos, dependendo da escolha do homem para quem eles são designados. Estes seguidores competem sutilmente uns com os outros para quem irá figurar em primeiro lugar com seus chefes, e os chefes para quem irá ter o maior número e os mais corajosos seguidores.
É uma honraria bem como uma fonte de força estar assim sempre cercado por um grande corpo de jovens selecionados; é um ornamento na paz e uma defesa na guerra. E não apenas na sua própria tribo mas também nos estados vizinhos a reputação e glória de um chefe é distinguida pelo número e bravura de seus seguidores, por tal fato um homem é cortejado pelas embaixadas, é honrado com presentes, e o muito prestígio de seu nome freqüentemente decide uma guerra.
Veemência Militar do Povo
Quando vão para batalha, é uma desgraça para o chefe ser ultrapassado em bravura, uma desgraça para seus seguidores não equipararem-se à bravura do chefe. E é uma infâmia e uma vergonha por toda vida ter sobrevivido em lugar do chefe, e retornado do campo. Para defendê-lo, protegê-lo, para atribuir os próprios feitos de bravura de alguém em sua reputação, o máximo é a lealdade. O chefe luta pela vitória, seus súditos lutam por seu chefe. Se a pátria estado cair em preguiça de prolongada paz e tranqüilidade, muitos de seus jovens nobres voluntariamente procuram aquelas tribos que estão travando alguma guerra, ambos porque a inércia é repulsiva para sua raça, e porque eles ganham fama mais facilmente no meio do perigo, e não podem manter um número de adeptos a não ser pela violência e guerra. De fato, homens olham para a liberalidade de seu chefe por seus cavalos de guerra e sua lança vitoriosa e tingida de sangue. Festas e divertimentos, que, embora deselegantes, são abundantemente guarnecidas, são seu único pagamento. Os meios desta recompensa provêm da guerra e saques. Nem eles são tão facilmente persuadidos em arar a terra e esperar pela produção do ano, como desafiam um inimigo e ganham a honraria dos ferimentos. Não apenas isto mas também eles acham de fato humilde e estúpido adquirir pelo suor do trabalho pesado o que eles podem ganhar por seu sangue.
Hábitos em Tempos de Paz
Sempre que não estão lutando, eles passam muito de seu tempo na caça, e ainda mais no ócio, dedicando-se completamente a dormir e a festejar; os mais bravos e a maioria dos guerreiros não fazem nada, e rendem-se à administração da família, do lar, da terra, da mulher, dos homens velhos, e todos os mais fracos membros da família. Eles próprios ficam enterrados no pântano, uma estranha combinação em sua natureza que os mesmos homens que deveriam ser tão apreciadores do ócio, são tão avessos à paz. É costume dos estados conferirem aos chefes por contribuição voluntária e individual um presente de gado ou de grãos, que, quando aceitos como uma cortesia, suprem seus anseios. Eles são particularmente deleitados com presentes de tribos vizinhas, que são enviados não apenas pelos indivíduos mas também pelo estado, tais como cavalos de batalha selecionados, armaduras pesadas, arreios ricamente enfeitados e laços de pescoço. Nós ensinamos agora a eles a aceitarem dinheiro também.
Arranjo de suas Cidades. Moradias Subterrâneas
É bastante conhecido que as nações da Germânia não têm cidades e que eles realmente nem mesmo toleram moradias rigorosamente adjacentes. Eles vivem dispersos e distanciadamente, no momento em que uma nascente, um prado, ou uma floresta os atraiu. Suas vilas eles não arranjam ao nosso estilo, com as construções conectadas e ligadas juntas, mas toda pessoa rodeia sua moradia com um espaço aberto, ou como uma precaução contra desastres, ou porque eles não sabem como construir. Nenhum uso é feito por eles de pedra ou cerâmica; eles empregam madeira para todas as finalidades, massas grosseiras sem ornamento ou atratividade. Algumas partes de suas construções eles colorem mais cuidadosamente com uma argila tão clara e brilhante que assemelha-se a pintura, ou um desenho colorido. Eles estão habituados também a escavar cavernas subterrâneas, e amontoar nelas grande quantidade de esterco, abrigando-o do inverno e como um recipiente da produção anual, pelo qual tais locais eles abrandam o rigor do frio. E aproximando-se um inimigo, ele assola o acessível país, enquanto o que está escondido e enterrado não é sabido existir, ou escapa dele a realidade que tem que ser procurada.
Vestuário
Todos eles envolvem-se em um manto que é preso com um broche, ou, se este não está disponível, com um espinho, deixando o resto de seu corpo exposto. Eles passam o dia inteiro nos fornos perto do fogo. Os mais ricos são distinguidos por um vestuário que não é esvoaçante como aquele de Sarmatae e Parthi, mas é apertado, e exibe cada membro. Eles também vestem as peles de animais selvagens; as tribos do Reno e Danúbio em uma maneira descuidada, aqueles do interior com mais elegância, quando não obtendo outra roupa através do comércio. Estes selecionam certos animais, as peles dos quais eles tiram e as diversificam com as peles com pintas dos animais selvagens, a produção do oceano externo, e dos mares desconhecidos para nós. As mulheres tem o mesmo vestuário que os homens exceto que elas geralmente se envolvem em mantos brancos, que elas bordam de lilás, e realmente não alongam a parte superior de sua roupa em mangas. A parte superior e inferior do braço estão assim despidas, e a parte mais próxima ao seio está também exposta.
Leis de Casamento
O código de casamento, entretanto, é rigoroso, e de fato nenhuma parte de sua conduta é mais louvável. Quase sozinho entre bárbaros eles estão satisfeitos com uma esposa, exceto muitos poucos entre eles, e estes não pela sensualidade, mas porque sua descendência nobre provocam para eles muitas ofertas de matrimônio. A esposa não traz um dote para o marido, mas o marido para a esposa. Os pais e parentes estão presentes, e passam por sua apreciação os presentes de casamento, presentes não significando agradar o gosto da mulher, nem tais com que uma noiva se enfeitaria, mas bois, cavalo de batalha equipado, um escudo, uma lança e uma espada. Com estes presentes a esposa é desposada, e ela própria por sua vez traz ao seu marido um presente de armas. Isto eles contam como seu mais forte vínculo de união, estes seus sagrados mistérios, estes seus deuses de casamento.
A fim de que a mulher considere se agüenta nada mais além de ambições por nobres cavalos de batalha e perigos de guerra, ela é relembrada durante a cerimônia que celebra o casamento que ela é a companheira de seu marido na labuta e perigo, destinada a sofrer e encarar com ele igualmente ambos na guerra. Os bois emparelhados, o cavalo de guerra com arreios, o presente das armas evidenciam este fato. Ela deve viver e morrer com o sentimento de que está recebendo o que ela deve legar para seus filhos sem ofuscar nem depreciar o que as futuras noras devem receber, e deve ser passado adiante para seus netos.
Assim com sua virtude protegida eles vivem incorruptíveis pelas tentações de shows populares ou o estímulo de festas. Correspondência secreta é igualmente desconhecido por homens e mulheres. Muito raro para uma população numerosa é o adultério, para o qual a punição é imediata, e sob o controle do marido. Tendo o cabelo cortado da mulher infiel e despi-la deixando-a nua, ele a expulsa de casa na presença dos parentes dela, e então a açoita através de toda a aldeia. A perda da castidade não sofre nenhuma clemência; nem beleza, juventude, nem riqueza obterão as culpadas um marido. Ninguém na Germânia ri de imoralidade, nem eles classificam como costume corromper ou ser corrompido. Ainda melhor é a condição daqueles estados onde apenas donzelas são dadas em casamento, e onde as esperanças e expectativas de uma noiva são então afinal limitadas. Elas recebem um marido, como tendo um corpo e uma vida, que elas devem ter nenhum pensamento a mais, nada mais a ser alcançado, e devem amar nem tanto o marido mas a condição de estar casada. Limitar o número de crianças ou destruir quaisquer de suas descendências subseqüentes é considerado infame, e bons hábitos são aqui mais eficazes do que boas leis em outro lugar.
Suas Crianças. Leis de Sucessão
Em todo lar as crianças, nuas e imundas, crescem com esta ossatura e membros robustos que nós tanto admiramos. Toda mãe amamenta por si própria sua prole e nunca incumbe para tanto criadas e enfermeiras. O senhor não é distinguido do escravo por ser educado com maior delicadeza. Ambos vivem no meio dos mesmos bandos e dormem no mesmo chão até os nascidos de ventre livre serem distinguidos pela idade e reconhecidos pelo mérito. Os homens jovens casam-se tarde, e seu vigor é portanto não diminuído. Nem as donzelas são apressadas para o casamento; a mesma idade e similar estatura é requerida; bem combinados e vigorosos eles casam, e a prole reproduz a força dos pais. Os filhos da irmã são mantidos com tanta estima por seus tios como por seus pais; de fato, alguns consideram o parente como até mesmo mais sagrado e mais ligado, e preferem ele em receber convidados, acreditando assim assegurar um suporte mais forte nas afeições e um vínculo mais amplo para a família. Mas todas as crianças de um homem são herdeiros e sucessores e não existem testamentos. Não existindo nenhum herdeiro, os próximos em sucessão dos bens são os irmãos e tios de ambos os lados. Quanto mais parentes ele tem, mais numerosos seus parentescos, e mais digna é sua velhice; nem existem quaisquer vantagens na falta de filhos.
Rixas Hereditárias - Penas por Homicídio. Hospitalidade
É um dever entre eles adotar as rixas bem como as amizades de um pai ou parente. Estas rixas não são implacáveis; até mesmo homicídio sofre a pena de pagamento de um certo número de gado e de carneiros, e a satisfação é aceita pela família inteira, muito por imposição do estado, uma vez que rixas são perigosas proporcionalmente à liberdade das pessoas.
Nenhuma nação abandona-se profusamente a entretenimentos e hospitalidade. Excluir qualquer ser humano do seu teto é considerado ímpio; todo Germânico, de acordo com seus recursos, recebe seu convidado com uma mesa bem guarnecida. Quando seus suprimentos estão esgotados, ele que era o anfitrião agora torna-se o guia e acompanhante para hospitalidade adicional, e sem convite eles vão para a próxima casa. Não importa; eles são acolhidos com igual cordialidade. Nenhum é distinguido entre um conhecido ou um estranho, quanto aos direitos de hospitalidade. É usual dar ao convidado que parte, tudo o que ele pedir, e um presente em troca é perguntado com um pouco de hesitação. Eles são grandemente fascinados por presentes, mas eles não esperam nada em troca pelo que dão, nem sentem qualquer obrigação pelo que recebem.
Hábitos de vida
Acordando do sono, que eles geralmente prolongam até tardes horas do dia, eles tomam um banho, mais freqüentemente de água quente, que convém a um país onde o inverno é a mais longa das estações. Após seus banhos eles têm sua refeição, cada um tendo um assento em separado e uma mesa para si próprio. Então eles vão armados para seus negócios, ou não menos freqüentemente a suas reuniões festivas. Passar um dia e uma noite inteiras bebendo não difama ninguém. Suas brigas, como deve esperar-se de pessoas embriagadas, são raramente resolvidas com meros insultos, mas normalmente com ferimentos e derramamento de sangue. Demais há em suas festas geralmente conversas de reconciliação de inimigos, de formação de alianças matrimoniais, de escolha de chefes e finalmente até mesmo na paz e na guerra, por eles pensarem que em nenhum período está a mente mais aberta para simplicidade de propósito ou mais animada a nobres aspirações. Uma raça sem tampouco astúcia natural ou adquirida, eles expoem seus pensamentos secretos na liberdade da festividade. Assim os pensamentos de todos têm sido descobertos e revelados, a discussão é reavidada no dia seguinte, e de cada ocasião provém sua vantagem peculiar. Eles ponderam quando não têm nenhuma capacidade de dissimular; tomam uma resolução quando o erro é impossível.
Comida
Um licor para beber é feito de cevada ou outro grão, e fermentado até uma certa semelhança com o vinho. Os moradores das margens dos rios também compram vinho. Sua comida é de simples qualidade, consistindo de frutos silvestres, carne de caça fresca e leite coalhado. Eles saciam sua fome sem preparações elaboradas ou guloseimas. Em saciar sua sede eles são igualmente moderados. Se você satisfizer o amor deles por beber suprindo-os com tanto quanto desejam, eles serão dominados por seus próprios vícios tão facilmente quanto pelas armas de um inimigo.
Esportes. Paixão por Jogos de Azar
Sempre o mesmo tipo de espetáculo é exibido em toda reunião. Jovens nus praticam o esporte aglomerados na dança em meio a espadas e lanças que ameaçam suas vidas. Experiência dão a eles destreza e destreza por sua vez graça; proveito ou pagamento estão fora de questão; entretanto a despreocupação em seu passatempo, é recompensada pelo prazer dos espectadores. Estranhamente o bastante eles fazem dos jogos de azar uma séria ocupação até mesmo quando sóbrios, e tão aventureiros eles são em ganhar ou perder, que, quando qualquer outro recurso esvaiu-se, no derradeiro e decisivo lance eles apostam a liberdade de suas próprias pessoas. O perdedor entra na escravidão voluntária; embora mais jovem e mais forte, ele próprio sofre em ser amarrado e vendido. Sua teimosa é tal na persistência em um mau hábito; eles próprios a chamam de honra. De escravos deste tipo os proprietários desfazem-se por meio comercial, e também para isentar a si próprios do escândalo de tal vitória.
Escravidão
Os outros escravos não são empregados conforme nossa maneira através de deveres domésticos distintos atribuídos a eles, mas cada um tem a administração de uma casa e lar por si próprio. O patrão exige uma certa quantidade de grãos, gado, roupas, como ele faria de um inquilino, e este é o limite da submissão. Todas as outras funções domésticas são cumpridas pela mulher e crianças. Bater em escravos ou puni-los com cativeiro ou com trabalho pesado é de rara ocorrência. Eles freqüentemente os matam, não impondo austero castigo disciplinar, mas no impulso da cólera, assim como fariam a um inimigo, apenas feito com impunidade. Os escravos libertos não tomam posições muito superiores às dos escravos, e são raramente de qualquer relevância na família, nunca no estado, com exceção daquelas tribos que são regidas por reis. Lá de fato eles progridem sobre os homens livres e nobres; em outro lugar a inferioridade dos escravos libertos representa a liberdade do estado.
Ocupação com o Cultivo da Terra
De emprestar dinheiro a juros e aumentá-lo pela formação de juros eles não conhecem nada - a mais eficiente proteção do que se fosse proibido.
Terra proporcionada ao número de habitantes é ocupada por toda comunidade alternadamente, e depois dividida entre eles de acordo com a classe. Uma vasta extensão de planícies torna fácil a partição. Eles até adicionam campos todos os anos, e têm ainda mais terra do que o suficiente; com a fertilidade e extensão de seu solo, eles não se empenham laboriosamente em plantar pomares, cercar prados e irrigar jardins. Cereal é o único produto requerido da terra; consequentemente o ano mesmo não é dividido por eles em tantas estações como conosco. Inverno, primavera e verão têm ambos um significado e um nome; o nome e bênçãos do outono são igualmente desconhecidos.
Rituais Fúnebres
Em seus funerais não há nenhuma pompa; eles simplesmente seguem o costume de queimar os corpos de homens ilustres com certas espécies de madeira. Eles não empilham peças de roupa ou especiarias na pira funerária. As armas do homem morto e em alguns casos seu cavalo são consignados ao fogo. Um morro gramado forma a sepultura. Monumentos com seu grandiosamente elaborado esplendor eles rejeitam como opressivos para o morto. Lágrimas e lamentações eles logo descartam; tristeza e pesar entretanto lentamente. Considera-se convir para as mulheres chorar, para os homens lembrar do morto.
De modo que no geral esta é a explanação que eu recebi da origem e costumes de todo o povo Germânico.
Evolução Histórica da Alemanha
Sumário
Os contatos entre os mundos clássico e germânico parecem ter sido escassos antes que os cimbros e os teutões invadissem as regiões mediterrâneas e a própria Itália (113-101 a.C.). Em 51 a.C. César criou a província da Gália, por ele conquistada, e que se estendia até o Reno. Em 12 a.C., Druso avançou até o Elba, e seu irmão, o futuro imperador Tibério subjugou os cimbros (5 d.C.). Quando as fronteiras do Império Romano já se estendiam até o Reno e o Danúbio, sob a dinastia flaviana (69-96), firmou-se o controle dos frísios na costa do mar do Norte e foram dominados os hessenos, a mais adiantada tribo germânica. Domiciniano criou as províncias da alta e da baixa Alemanha, e Adriano (117-138) e Antonino Pio (138-161) levaram o domínio romano até a Alemanha central.
Por volta do século III, a maioria das tribos isoladas havia desaparecido, dando lugar a unidades políticas maiores, como a dos saxões, francos e alamanos (suábios), que se tornaram verdadeira ameaça para Roma, juntamente com os godos, que em 238 atacaram a fronteira do Danúbio. Vários imperadores romanos fracassaram em suas tentativas de conter as investidas dos godos, até que Cláudio II derrotou-os em 269. Em 276, francos e alamanos dominaram a Gália.
A invasão do império pelos germânicos faz parte dos grandes movimentos migratórios precipitados na Europa pelo avanço dos hunos para Ocidente. Refugiando-se no império, os hunos derrotaram os romanos em Adrianópolis (atual Edirne) em 378, após o que nunca mais foram expulsos. Comandados por Alarico e seus sucessores, os visigodos saquearam Roma em 410. Durante o reinado de Átila os hunos dominaram praticamente toda a Alemanha, até serem derrotados por romanos e visigodos nas planícies da Catalunha (451). Durante esse período começa a cristalizar-se a situação das tribos germânicas no oeste, surgindo na Gália, francos, alamanos e burgúndios.
Pode-se dizer que a história antiga da Alemanha termina com a extensão gradual, com Clóvis, do domínio franco. Das grandes confederações, só os saxões e os alamanos permaneceram na Alemanha, acabando por ser absorvidos pelo novo império germânico de Carlos Magno. Uma das fases finais do período das grandes migrações foi representada pela entrada dos lombardos na Itália, o que completou a distribuição étnica vigente na região durante a Idade Média. Um dos principais efeitos do longo contato com Roma foi a conversão das principais tribos ao cristianismo.
Quando o Império Romano chegou ao fim, as tribos germânicas do leste do Reno não tinham qualquer coesão, embora falassem a mesma língua. Com as guerras de Clóvis, a dinastia merovíngia estabeleceu sua autoridade sobre os francos do Reno, em parte do território que viria a chamar-se Áustria. No decorrer do século VIII cresceram as intervenções dos francos. Em 751, a dinastia carolíngia, de origem austrasiana, suplantou os merovíngios com apoio papal. Buscando o domínio real sobre os povos germânciso, os carolíngios procuraram convertê-los ao cristianismo. Entre os missionários destacou-se São Bonifácio, verdadeiro fundador da Igreja alemã, que conduziu as missões na Francônia, na Turíngia e na Baviera com apoio de Carlos Martel. Ao ser finalmente martirizado pelos frísios, prestara uma contribuição vital para a unificação política dos povos germânicos, que começavam, com exceção dos saxões, a ser subjugados pelo Sacro Império Romano Germânico. O que São Bonifácio começou, Carlos Magno levou adiante, com o objetivo de proteger a Francônia (Hesse) e a Turíngia de incursões saxônicas. Cada uma das expedições punitivas de Carlos Magno adentrava-se mais que a anterior no coração da Alemanha. Os saxões resistiram ao domínio franco, ganhando no processo um sentido de unidade racial que nunca mais perderiam; mas Widukind, que os liderava, finalmente se rendeu. Em 797 Carlos Magno negociou a paz com os saxões restantes ao norte, e na Baviera substituiu a dinastia dos agilolfingos por funcionários francos.
Em 825, Luís o Germânico, filho de Luís I o Pio, sucessor de Carlos Magno, passou a governar a Baviera, de onde estendeu seu domínio sobre toda a Alemanha carolíngia. Era a primeira vez que as nações germânicas tinham um chefe cujo domínio se limitava às suas próprias terras e que se dedicava a defendê-las dos ataques eslavos. Pelo tratado de Mersen (870) os domínios de Luís alcançaram quase as proporções da Alemanha medieval.
Em 911, Luís o Menino, último dos carolíngios franco-orientais, morreu sem deixar herdeiro. Os povos germânicos viam-se atacados simultaneamente por dinamarqueses, eslavos e magiares. Um rei que dispusesse dos recursos da Francônia seria de grande valia. Assim, saxões e francos elegeram rei Conrado, duque dos francos. Em 918, Conrado I pediu antes de morrer que a coroa passasse para Henrique da Saxônia (Henrique I o Passarinho). A transição da coroa dos francos para os saxões fez-se com o protesto das tribos do sul e Arnulfo, duque da Baviera, foi eleito rei pelos bávaros. Para solucionar a rivalidade, Henrique I concedeu a Arnulfo o privilégio de nomear bispos e abades.
Apesar desse começo pouco promissor, a dinastia saxônia voltou às tradições carolíngias e estabeleceu um modus vivendi com os ducados autônomos. Em 925 Henrique I contribuiu militarmente para que a Lotaríngia voltasse ao controle do reino franco-oriental e maior prestígio adviria ainda para os saxões quando contiveram as invasões húngaras, em 933 e 955. Oto I empenhou todo o poderio do Reich em campanhas contra a Itália, dominando o reino da Lombardia. Após a vitória contra os húngaros, a hegemonia de Oto I no Ocidente era incontestável. Em 962 aceitou das mãos do Papa João XII a coroa imperial em Roma, datando de então a formação do Sacro Império Romano Germânico.
Oto I almejou a expansão imperial nas terras orientais, fundando um arcebispado em Magdeburgo, que planejava transformar em sede de uma província missionária além do rio Elba. Contudo, os métodos violentos dos nobres saxões chocaram-se com os esforços da Igreja. Os eslavos rebelaram-se em 983 e os planos de expansão naufragaram. No reinado de Oto III (983-1002) surgiram em quase todos os territórios alemães, independentemente da sobrevivência dos ducados, poderosas linhas de margraves, condes e Vögte (procuradores), que eram hereditários, dos quais se originaram os príncipes territoriais.
No reinado de Henrique II (1002-24), o último saxão, tomou ímpeto a política, anteriormente iniciada por Oto I, de libertar os prelados de qualquer sujeição aos duques; somente aos rei que os nomeava deviam obediência. Surge assim um organismo com maior interesse na sobrevivência do Reich, a Igreja alemã, cujo fortalecimento visava quebrar o poder dos senhores feudais. Bispos e abades rivalizavam com os príncipes leigos na formação de territórios, e essa competição gerou as guerras incessantes que assolaram a Alemanha por séculos.
Sob Conrado II (1024-39), primeiro membro da casa franco-renana, ou saliana, o reino da Borgonha ficou sob o domínio da coroa alemã, que renovou ainda sua autoridade na Itália. Henrique III (1039-56) deu a seu reinado forte matiz teocrático, depondo três papas e nomeando quatro papas alemães, e foi o último governante alemão a manter a hegemonia da Europa Ocidental.
Mais que qualquer outra sociedade feudal da Europa, a Alemanha foi tomada pelas idéias revolucionárias de reforma do papado, que atacavam a autoridade leiga na Igreja, fundada no direito de propriedade. A campanha de reforma teve como promotor o papa Gregório VII e é considerada como o momento mais perigoso da história da Alemanha medieval. A guerra civil que eclodiu em 1077, entre as forças de Henrique IV, a quem se aliou a maioria dos bispos e os príncipes leigos, durou quase 20 anos. A dinastia dos salianos e os direitos pelos quais lutava salvaram-se em 1105 com a rebelião de Henrique V contra seu pai, mas em 1122 os príncipes forçaram as concessões conhecidas como a concordata de Worms. Ao morrer Henrique V, o último saliano, a Alemanha já não era a maior força política da Europa.
Os Hohenstaufens e os Habsburgos (1125-1493)
Henrique V morreu em 1125 sem deixar herdeiros diretos. Liderados pelo arcebispo Adalberto de Mogúncia, os príncipes preteriram seus sobrinhos Frederico e Conrado, da dinastia Hohenstaufen, e elegeram Lotário de Supplinburgo, duque da Saxônia (Lotário II). Em 1137, a Igreja e alguns príncipes preferiram Conrado. Após a morte deste em 1152, os príncipes escolheram Frederico I Barba-Roxa (cerca 1123-90), que dividiu o poder com seu primo Henrique o Leão.
Data dessa época a expansão alemã para leste, dominando as tribos eslavas entre os rios Elba e Oder, movimento do qual participaram os príncipes, prelados, ordens religiosas, cavaleiros, burgueses e camponeses. Outra importante zona de expansão do século XII foi a Lombardia e a Itália central. A recusa de Henrique o Leão em auxiliar o império ocasionou a derrota de Frederico I em 1176 frente à liga lombarda.
Após o malogro na Lombardia, o centro de interesse dos Hohenstaufens passou para a Toscana, Spoleto e Romanha. A tentativa de organização de um regime imperial direto na Itália gerou novo antagonismo com o papado. Entretanto, os bispos alemães apoiaram Frederico I, mantendo prolongado cisma contra o papa Alexandre III, e a hostilidade papal aumentou quando o sucessor de Frederico I, Henrique VI, se tornou herdeiro da Sicília.
Com a morte prematura de Henrique VI, deixando filho menor, os bispos e príncipes elegeram Filipe da Suábia, mas uma facção renana fez surgir um anti-rei em Oto IV, filho de Henrique o Leão. Em 1215, Frederico II (1194-1250) recuperou, em luta com Oto IV, a coroa que lhe pertencia; manteve unidos a Sicília e o império, o que acarretou inevitável guerra com o papado até o tratado de 1235. Frederico II morreu em meio a uma luta com o papado, sendo a guerra continuada na Itália por seu filho Conrado IV (1228-54). A Alemanha ficou sem uma autoridade central verdadeira e os feudos eram duramente disputados por dinastias rivais. Mas a desorganização social não inibiu as imensas energias alemãs dirigida pelos Cavaleiros Teutônicos, e o avanço sobre a Prússia coincidiu com a ocupação do Báltico pelos mercadores de Lübeck.
O período de 1254-73 é conhecido como "Grande Interregno", e foi usado pelos príncipes para aumentar sua autoridade. Em 1273, procurando criar uma força que protegesse a Igreja na Alemanha, o papa Gregório X fez com que os príncipes eleitores dessem a coroa a Rodolfo (1218-91), conde de Habsburgo. A vitória obtida por Rodolfo I contra os boêmios, em 1278, salvou a Alemanha da desintegração. Em 1314 houve uma eleição dupla para o Império: um grupo de eleitores preferiu Luís de Wittelsbach, duque da Baviera superior; outro, Frederico de Habsburgo, duque da Áustria. Após uma guerra de oito anos, Frederico foi derrotado por Luís. A nomeação por Luís IV de um vigário imperial na Lombardia em 1323, levou o papa João XXII a excomungá-lo e, numa dieta em Frankfurt (1338), o papado foi excluído da participação nas eleições dos imperadores.
A morte de Luís, em 1347, levou ao trono Carlos de Luxemburgo (1326-78), rei da Boêmia, apoiado pelo papa. Pela "bula áurea" de 1356, o imperador Carlos IV deu à Alemanha um colégio eleitoral bem definido e uma lei de sucessão. Afirmando a indivisibilidade das terras dos príncipes eleitores, Carlos IV incentivou a consolidação. Ao morrer, o monarca detinha as coroas do império da Alemanha, da Boêmia, da Lombardia e da Borgonha. Seu filho Venceslau (1361-1419) sucedeu-lhe pacificamente em 1378, o que pela primeira vez ocorria em dois séculos. Em seguida, ocupou o trono seu irmão Segismundo (1368-1437).
A Alberto V de Habsburgo (Alberto II) seguiu-se Frederico V de Habsburgo, eleito como Frederico III, cujo reinado (1440-93) foi marcado por uma série de crises. Revoltas camponesas e litígios entre a pequena nobreza constituem exemplos das dificuldade sociais que sacudiam a Europa nessa época.
A invasão da Itália em 1494 por Carlos VIII, da França, frustou o plano do imperados Maximiliano I (1459-1519) de uma campanha européia contra os turcos e ameaçou o feudo imperial de Milão, dando início a uma longa série de guerras e alianças alternadas com os Estados italianos, o papado, os suíços, a Espanha, a Inglaterra e a França. Em 1499, na guerra contra a liga suíça, que se recusava a permitir possessões dos Habsburgos em seu solo praticamente cortou-se a ligação entre a Suíça e o império. A necessidade de expandir seus domínios levou Maximiliano a ligações com a Espanha, Países Baixos e Áustria, que constituíram a base para o império de Carlos V.
No reinado de Maximiliano iniciou-se a Reforma. As dietas imperiais e territoriais queixavam-se de que a Igreja se tornara uma enorme instituição latifundiária e financeira com olhos voltados para o lucro material. Martinho Lutero uniu-se ao clamor contra a Igreja, e sua posição tornou-se pública devido à questão da venda de indulgências, feita para reembolsar empréstimos contraídos por prelados pra pagamento a Roma de altas taxas relativas à acumulação de arcebispados. As 95 teses afixadas por Lutero à porta de sua igreja em Wittenberg foram interpretadas como ataques à Igreja.
A sucessão de Maximilianos, disputada por seu neto Carlos I da Espanha, Francisco I da França e Henrique VIII da Inglaterra, foi resolvida em favor de Carlos, que se tornou o imperados com o nome de Carlos V (1520). Por insistência dos príncipes, Carlos V aceitou uma "capitulação" destinada a limitar seus direitos por meio de uma constituição oligárquica. A questão de Lutero assumira proporções de movimento nacional, e a opinião pública sentia-se convicta de que enfim a reforma da Igreja e do Estado estava iminente. Carlos V abriu sua primeira dieta em Worms, em 1521; tendo sido excomungado, Lutero negou-se a recuar de sua posição, sendo promulgado o edito de Worms, que o declarava proscrito.
Após a dieta de Worms, Carlos V aliou-se ao para Leão X e a Henrique VIII da Inglaterra contra a França, reconquistando Milão e Gênova. Mas a paz de Madrid não duraria muito, e o novo papa Clemente VII aliou-se à França. O saque de Roma por mercenários alemães e espanhóis em 1527 forçou a assinatura da paz (1529). Carlos recebeu a coroa imperial das mãos do papa em Bolonha, antes de voltar à Alemanha, sendo o último rei eleito a ser assim coroado.
A Alemanha sofrera profundas transformações durante a ausência de Carlos V. As doutrinas Lutero haviam abalado as bases da sociedade, formando-se congregações evangélicas. Uma revolta de camponeses iniciada na Floresta Negra em 1524 espraiou-se por quase toda a Alemanha no ano seguinte, e, invocando o príncipio luterano de "liberdade dos cristãos", os camponeses destruíram abadias e solares senhoriais. Os bandos foram esmagados pelos exércitos territoriais dos príncipes. Nem as duas dietas de Speyer (1526 e 1529), em a de Augsburgo (1530) foram capazes de produzir um acordo que dirimisse as divergências religiosas.
Para se defenderem dos príncipes católicos, Filipe de Hesse e o eleitor João da Saxônia constituíram em 1531 a liga de Schmalkalden e, a partir de 1534, a Reforma espalhou-se pelo Báltico, Silésia e Reno inferior, através de igrejas estatais regulamentadas. A paz de Crépy-en-Laonnois (1544), entre Francisco I da França e Carlos V, possibilitou uma completa revisão dos problemas alemães, e Carlos V preparou-se para investir contra os protestantes, com o apoio papal. Na batalha de Mühlberg (1547), Filipe de Hesse foi capturado e Carlos V chegou ao apogeu de seu poder. Contudo, o papado não estava disposto a ver todo o poder nas mãos do imperador, e foi sem o apoio papal que Carlos V forçou os territórios a aceitarem as fórmulas conciliatórias da dieta de Augsburgo (1547-48) para solucionar os conflitos religiosos. Em 1551, entretanto, o imperador teve de reconhecer que o concílio de Trento não proporcionava uma solução viável para o problema religiosos na Alemanha. Ademais, o concílio desintegrou-se em face do avanço das tropas de Maurício da Saxônia, aliado a Henrique II da França, que representavam a resistência dos territórios ao absolutismo imperial e à permanência de tropas espanholas no Reich. Quando em 1555 Henrique II encontrou poderoso aliado no novo papa Paulo IV, Carlos V abdicou, e a paz de Augsburgo, pela qual cada principado teria a religião de seu príncipe, admitiu a coexistência do catolicismo e do luteranismo, dando grande força ao poder local que, aliado à divisão religiosa, adiou a unificação política dos alemães. A guerra dos Trinta Anos representou, por uma lado, a tentativa dos Habsburgos austríacos de reunificar os principados em seu proveito, mas a paz de Vestfália (1648) deu forma legal à vitória francesa, fracionando a "Alemanha".
A Prússia e as invasões napoleônicas
Dos Estados alemães foi a Prússia que, a partir do século XVII, conduziu a história da Alemanha. O grande eleitor Frederico Guilherme organizou a administração, a indústria e a agricultura e transformou Berlim numa grande cidade. Seu filho Frederico foi o primeiro rei da Prússia. Nos governos de Frederico Guilherme I e Frederico II o Grande, a importância política do reino consolidou-se. Este último, entre 1740 e 1786, iniciou as anexações territoriais e aliou-se aos grandes proprietários nobres, os chamados Junkers, confiando-lhes a chefia do exército e os direitos locais de justiça. O Banco de Berlim, sob controle do Estado, e os impostos drenaram grandes somas para o tesouro real. A política foi controlada pelo rei aliado à nobreza. Na guerra dos Sete Anos (1756-63), a Prússia enfrentou o poderio franco-russo, que devastou o país. Após 1762, a situação melhorou devido à nova composição de forças (aliança anglo-russo-prussiana). Pelo tratado de Hubertusburg, Frederico tornou-se o árbitro da política alemã.
O sentimento de nacionalidade alemã firmou-se nas lutas contra o império napoleônico. A intelectualidade e o povo apoiaram, a princípio, a Revolução Francesa e sua luta contra as prerrogativas da nobreza. Porém, as classes dirigentes alemãs opuseram-se à expansão ideológica da revolução. Quando em 1806 Napoleão I destruiu o Sacro Império, criando a confederação do Reno, surgiu na Prússia um movimento romântico nacionalista que falava, como Fichte, na pureza da raça alemã e na sua missão de salvar o mundo, ditada pela providência. Nasceu assim o nacionalismo alemão, de caráter racista e agressivo, mesmo antes da unificação político-geográfica. O rei Frederico Guilherme III aliou-se à Inglaterra e à Rússia a luta contra Napoleão. Após ser derrotado em Jena (1806), o país foi desmembrado em benefício da Confederação do Reno. Com o que restou da Prússia, iniciou-se uma era de reformas, sob o ministro Karl von und zum Stein, que incentivou o liberalismo econômico, baseado no modelo inglês. Seu continuador foi o chanceler von Hardenberg (1810), que entrou em conflito com a aristocracia junker, mas com a qual teve que fazer um acordo, deixando-lhe os privilégios, o que permitiu a libertação dos servos. Acabou, porém, como o monopólio das corporações e firmou a liberdade comercial.
Após a derrota de Napoleão, a Prússia encontrou no ministro austríaco Metternich o grande obstáculo à sua propaganda da união dos alemães que, com a criação da Confederação Germânica (1815), ainda uma vez ficaram divididos. Internamente, na Prússia, os Junkers opunham-se à tentativa de unificação. A Confederação Germânica, de inspiração austríaca, compunha-se de 39 Estados soberanos, representados na Dieta de Frankfurt, sem força política. A Prússia permaneceu absolutista, policial e semi-feudal. Só os Estados da Alemanha do sul aceitaram, em suas constituições, idéias francesas. Do ponto de vista econômico a Prússia evoluía. Desde 1834 a união aduaneira (Zollverein) ligava muitos Estados alemães, lançando-se as bases de unidade econômica, excluindo a Áustria. A coroação de Frederico Guilherme IV (1840-61), que apoiava a unificação, deu novo alento ao Liberalismo, logo desesperançado quando o rei, aliando-se à aristocracia, agiu de maneira completamente absolutista, deixando ao Landtag o papel de mera assembléia consultiva. Depois de 1847 iniciou-se uma era de agitações republicanas e socialistas devido às perturbações determinadas pela introdução de máquinas, pelo desemprego e pela redução de salários.
Em 1848, Karl Marx publicava o seu famoso Manifesto Comunista que, alertando os operários sobre a exploração capitalista, incitava-os a se unirem, admitindo o marxismo a aliança ocasional do proletariado com a burguesia para a destruição do absolutismo e dos restos feudais. Nesse mesmo ano, a revolução socialista de Paris irradiou-se pela Prússia. Nas comunas renanas exigiu-se o parlamentarismo, e em Berlim lutou-se contra o domínio junker. A situação agravou-se na capital quando o povo levantou barricadas contra o exército. O rei prometeu a constituição feita pela Assembléia, eleita por voto universal, e uma nova Alemanha liberal. Mas em dezembro de 1848, Frederico Guilherme IV dissolvia a Assembléia e restaurava parcialmente o absolutismo. O legislativo passou a ser controlado, já que os eleitores eram classificados por seu poder econômico. Frederico Guilherme recusou a coroa de imperador em 1849 e dissolveu a Assembléia, após reprimir uma rebelião. Em 1850 a "Alemanha" dividia-se em dois campos - o prussiano e o austríaco. O rei, pressionado pela Áustria, desistiu da tentativa de uma unificação parcial em Olmütz (1850), iniciando-se uma época de perseguições ao nacionalismo alemão. Afastada a burguesia dos embates políticos, resolveram os capitalistas associar-se aos Junkers para tentar unificação. A união dessas forças foi obra de Bismarck.
Entre 1850 e 1860, a "Alemanha" evoluiu rapidamente para a grande implantação da indústria. Na Silésia e no Ruhr surgiram as primeiras concentrações de empresas. A união aduaneira estendeu-se até Hannover. Paralelamente, a burguesia exigia a liberdade industrial. Surgiu como primeiro-ministro da Prússia o grande líder da unificação alemã, Otto von Bismarck. Considerava ele a "Alemanha" um prolongamento da Prússia, que deveria ser criada pela força militar e não com "discursos e decisões da maioria". Reconhecia, porém, que o capitalismo seria a base da unificação com o apoio feudal-militar. Chamado ao governo por Guilherme I, Bismarck cuidou de reorganizar o exército prussiano, enfrentando o Parlamento com a ditadura. Neutralizando Napoleão III e o czar, fez frente à Áustria, vencendo-a na discussão sobre a extensão do Zollverein à "Grande Alemanha". Utilizou a Áustria na intervenção conjunta dos ducados, triunfando na guerra contra a Dinamarca (1864). Tomando como pretextos a má administração austríaca no ducado de Schleswig-Holstein e uma reforma federal na confederação, Bismarck declarou guerra à Áustria, derrotando-a em 1866. Criou então a Federação Alemã do Norte, liderada pela Prússia. Ligou-se aos Estados da Alemanha do sul, tornando o Zollverein um "Parlamento Aduaneiro", sem outra medida que visasse unificação. A opinião católica do sul teve importância decisiva nesta oposição, por não se conformar ao domínio da maioria protestante do norte. A guerra contra a França surgiu como oportunidade de unir os alemães. Bismarck aproveitou todos os pretextos para forçar Napoleão III a declarar a guerra.
A guerra Franco-Prussiana (1870-1871) foi o ato final da unificação. Em 1871, Guilherme I foi coroado, em Versalhes, imperador da Alemanha. O domínio da maior parte do vale do Reno representou outra grande conquista alemã. O país tornou-se um Estado federal (Bundestadt) composto de 26 Estados soberanos, e a autoridade das dinastias era salvaguardada pelo Conselho Federal (Bundesrat). O imperador, chefe do executivo, delegava seus poderes aos chanceler, responsável somente perante ele. Além do Conselho Federal, o legislativo compreendia o Reichstag, câmara eleita por cinco anos por voto universal, que se constituiu no reduto da burguesia e do proletariado. Nos três últimos decênios do século XIX, o poderio alemão cresceu muito. As estradas de ferro expandiram-se. A unificação dos bancos de emissão permitiu maior controle financeiro e aumento das receitas. A indústria instalada nas bacias carboníferas não cessou de crescer. A agricultura teve, porém, seu crescimento retardado, gerando crises de fome. Os grandes proprietários (30.000) possuíam a maior parte das terras, enquanto que 2 milhões de agricultores tinham propriedades diminutas ou eram proletários rurais. A exploração do homem do campo e do operário, com baixos salários, levou a agitações operárias e socialistas.
De 1871 a 1914 completou a Alemanha sua unificação interna e, no governo de Guilherme II, lançou-se ao expansionismo imperialista. Os partidos políticos definiram-se: o Conservador, aristocrata; o Nacional Liberal, reunindo burgueses e intelectuais; o Centro-Católico, incluindo capitalistas do Reno, que lutavam contra a maioria protestante que se apoiava no Kulturkampf (luta pela civilização); e o Partido Social-Democrata, que incluía operários e socialistas.
A política externa de Guilherme II acabou levando o país à guerra em 1914. Afastando-se da neutralidade bismarckiana, lançou-se à política colonial na África e no Oriente, onde a França e a Inglaterra tinham já partido os melhores quinhões entre si. A luta pelos mercados, a questão do Marrocos e o reforço da aliança com os países centrais europeus levaram a Europa à corrida armamentista. A questão balcânica foi o rastilho de pólvora que levou à I Guerra Mundial, onde a Alemanha foi derrotada. A 9 de novembro de 1918, o imperador abdicou, quando a república já fora proclamada em Munique e Berlim. O tratado de Versalhes (1919) prejudicou duramente a Alemanha que perdia as duas margens do Reno e via seu território dividido. O Sarre passou para o controle da Sociedade das Nações. Além disso, perdeu todas as colônias, seu exército foi reduzido à insignificância, e pagou pesadas indenizações de guerra.
Com a fuga de Guilherme II, o poder passou a um conselho provisório de comissários do povo, formado em Berlim pelos social-democratas. Surgiu logo enorme agitação política: os elementos da extrema esquerda, como Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, organizaram os grupos Spartacus para impor a ditadura do proletariado, segundo os moldes soviéticos. O conselho proclamou o voto universal e a jornada de trabalho de oito horas, mas não conseguiu impor sua autoridade. No fim de dezembro de 1918, os governos comunistas da Baviera, Hamburgo e Braunschweig declararam a greve geral. Estas agitações aproximaram os social-democratas dos militares prussianos, iniciando-se a perseguição e o massacre dos espartaquistas pelos corpos francos comandados por oficiais fiéis à realeza. Nessa atmosfera elegeu-se a Assembléia Constituinte convocada pelo conselho. Nela predominaram o Partido Nacional Liberal, o Centro-Católico e o Social-Democrata. Os social-democratas, em minoria, aliaram-se aos burgueses. Reunida na cidade de Weimar, a assembléia votou, em agosto de 1919, uma constituição na aparência republicana e democrática, estendendo o voto a todos os cidadãos maiores de 20 anos, que elegeriam o Reichstag e o presidente. Ebert, socialista que se aliara aos prussianos na luta contra os comunistas, tornou-se o presidente do Reich, e o socialista Scheidemann, o chefe de um ministério eclético. O poder executivo era forte, podendo dissolver o Reichstag e baixar decretos-leis.
As dívidas de guerra forçaram um novo impulso das indústrias, que se modernizaram tecnicamente, racionalizando o trabalho. A concentração fabril ampliou-se, mas, baseada no crédito interno, levou o país a uma inflação vertiginosa. Ao lado do enriquecimento dos especuladores, a fome assaltou milhares de lares. Começou a reação popular contra os capitalistas e especuladores. No final de 193, Hjalmar Schacht, presidente do Reichsbank, apoiado pelas autoridades financeiras dos EUA, França e Reino Unido, iniciou o saneamento da moeda e facilitou a concentração da grande indústria, eliminando pequenos e médios industriais. Aumentou então a proletarização da classe média e tomou impulso a propaganda antifrancesa, que responsabilizava o governo de Paris pela situação e pelo rigor do diktat de Versalhes. A atmosfera de miséria e violência permitiu ao austríaco Adolf Hitler fundar o Partido Nacional Socialista Operário Alemão, anticomunista, antijudaico e reivindicatório da superioridade racial alemã. Tentando apoderar-se do poder, por um golpe, Hitler fracassou (Munique, 1923). A eleição do marechal Hindenburg para a presidência, a estabilização monetária e o afastamento dos social-democratas deram à Alemanha alguns anos de relativa paz.
Na política exterior, desde o fim da guerra, a Alemanha lutou pela redução das dívidas de reparações. A França, ante a insolvência alemã, ocupou militarmente o Ruhr, assumindo o controle da indústria e da produção carbonífera. A diplomacia alemã passou então a ser orientada por Stresemann, que conseguiu a afluência de capitais norte-americanos. De 1924 (plano Dawes) a 1929 (plano Young) tentaram as potências ocidentais resolver o problema das dívidas alemãs. Enquanto isso, pelo pacto de Locarno (1925), o país teve fixadas suas fronteiras ocidentais. Após 1925 seguiu-se um período de prosperidade mundial, da qual a Alemanha participou. A grande depressão de 1929 atingiu o país como reflexo do crack norte-americano. A situação tornou-se tão grave que, em 1932 (Lausanne), as reparações de guerra foram anuladas. Com a crise econômica, a indústria alemã caiu do segundo para o quinto lugar no mundo, e o desemprego atingiu quase 6 milhões de trabalhadores. O chanceler Brüning, católico, aumentou os impostos e reduziu os salários.
Mas o caminho seguido foi o proposto pelo Movimento Nacional Socialista (nazista) - absorver os desempregados pelo rearmamento, o que permitiria futuramente abrir mercados externos. Reclamando a volta do poderio alemão, baseando sua força na pequena burguesia apavorada com o comunismo, aliando-se aos grandes industriais para sufocar a agitação popular, o nazismo ganhou prestígio. Nas eleições presidenciais foi pequena a diferença entre Hindenburg e Hitler. O presidente apoiou-se no prussianismo e deu a chefia do ministério a von Papen. Intensificou-se a luta entre comunistas e nazistas. Em 1933, Hindenburg entregou a Chancelaria a Hitler para que salvasse a Alemanha do comunismo. No poder, o chefe nazista perseguiu judeus, liberais e comunistas. Suprimindo a liberdade dos 17 Estados da República, terminou a obra de Bismarck. Com a ajuda de Schacht, reduziu os gastos do Estado e iniciou a corrida armamentista. No mesmo ano, o número de desempregados reduziu-se à metade. Nas eleições para o Reichstag, pela eliminação dos opositores, os nazistas obtiveram 92% dos votos. Externamente, Hitler aproveitou-se das dissensões entre a França e o Reino Unido a respeito do imperialismo italiano na Abíssinia (atual Etiópia) e reocupou a região renana desmilitarizada. A partir daí iniciou-se a formação do eixo Roma-Berlim. A guerra civil espanhola serviu de pretexto à intervenção de Hitler e Mussolini, que apoiaram a reação franquista. Na Europa Oriental, o fascismo expandiu-se na Polônia, Iugoslávia, Hungria e Romênia. Desde 1934, quando morreu Hindenburg, Hitler enfeixara em suas mãos as funções de chanceler e presidente, tornando-se o Reichsführer. Seus ideais estavam expressos no livro Mein Kampf: racismo, baseado na "superioridade ariana"; eliminação da iniciativa individual ante as necessidades do Estado; submissão do povo aos desígnios do chefe, etc. A perseguição dos judeus, como líderes do capitalismo mundial, iniciou-se com interdições políticas, profissionais e sociais, e pilhagens de seus bens. Apesar da concordata com o Vaticano (1933), Hitler iniciou a luta contra o catolicismo e foi condenado em 1937 pelo papa Pio XI na encíclica Mit brennender Sorge (com ardente inquietação).
A Gestapo (Geheime Staatspolitzei) foi o instrumento das violências. O Estado controlou a economia, suprimiu os sindicatos livres e deu aos patrões controle sobre os operários. A educação pautou-se nos rígidos ideais nazistas. O Partido Nacional Socialista controlou todos os ramos da produção e reforçou o grande capitalismo, que apoiara sua ascensão. A concentração industrial caminhou paralelamente à máquina de guerra, que absorveu os desempregados. Os países do Danúbio forneciam gêneros em troca de máquinas. Em 1938, a Alemanha, de 80 milhões de habitantes, possuía 13 milhões de soldados fortemente armados.
Com a grande marinha de guerra e os enormes estoques alimentares que acumulou, Hitler fortificou sua propaganda agressiva e iniciou as anexações (Anschluss). O Sarre fora incorporado à Alemanha por plebiscito em 1935. Em 1938, aproveitando-se das perturbações políticas, anexou a Áustria. A rica região dos Sudetos caiu em mãos alemãs não só porque a Tchecoslováquia não pode defendê-la como por terem o Reino Unido e a França cedido às exigências hitleristas, julgando que assim as saciavam. Nos dias 29 e 30 de setembro de 1938, Chamberlain, Daladier, Hitler e Mussolini assinaram o acordo que evacuava as tropas tchecas das zonas "alemãs". Em 1939, o pacto do Aço reforçou o eixo Berlim-Roma. O pacto anti-Comintern nipo-alemão (1936), de luta contra o bolchevismo, recebeu adesão da Itália, Espanha e do Manchukuo (antigo Estado-títere do Japão), nos anos seguintes. Enquanto a Alemanha ocupava o território de Memel (atual Klaipeda, na Lituânia), a Itália invadia a Albânia. Isolando a URSS pelo acordo de não-agressão, a Alemanha iniciou a II Guerra Mundial, com a ocupação da Polônia (1939). Passou então à conquista da Escandinávia e à luta contra a Europa Ocidental. Embora a ocupação da França (1940) tenha sido rápida, Hitler experimentou seu primeiro fracasso na tentativa de invasão da Grã-Bretanha. A luta estendeu-se à África associando-se alemães e italianos, que não conseguiram dominar o Mediterrâneo. Em 1941, a Alemanha atacou a URSS, mas a resistência encontrada minou a força atacante.
Na Europa dominada iniciou-se a exploração econômica em benefício da Alemanha. A Gestapo levou as populações locais ao trabalho forçado e exterminou judeus e patriotas. Após o ataque japonês a Pearl Harbour, a declaração de entrada na guerra pelos EUA, saindo do isolamento político em que se encontravam desde 1919, selou o fim dos países do Eixo. A luta nas duas frentes (Ocidente e Pacífico) revelou o imenso potencial norte-americano. Por outro lado, a grande recuperação das forças da URSS fez cair a frente oriental em 1943. Com o desembarque aliado na África, a Alemanha passou à guerra defensiva. Em 1944, os Aliados invadiram a Normandia, e os nazistas não cessaram de recuar. O bombardeio da Alemanha, seguido da ocupação de seu território, levou-a a assinar o ato de rendição internacional a 8 de maio de 1945.
A desarticulação da resistência alemã e as condições caóticas que os Aliados encontraram por todo o país levaram à realização da conferência de Potsdam, em julho e agosto de 1945. Nessa conferência, EUA, Reino Unido e URSS discutiram problemas relativos à ocupação. A Alemanha ficou dividida em quatro zonas de ocupação: uma sob controle da URSS e três administradas pelos EUA, França e Inglaterra. A capital da Alemanha, Berlim, ficou dividida em quatro zonas da mesma forma. Entretanto, após sérias divergências com a URSS, as potências ocidentais decidiram criar a República Federal da Alemanha. Os soviéticos, por sua vez, instituíram o regime comunista no setor oriental, que também se fez independente com a denominação de República Democrática Alemã. Desde então todas as tentativas de unificar a Alemanha foram fracassadas.
A República Democrática Alemã (RDA)
Em maio de 1949 foi proclamada a primeira constituição da RDA. Um parlamento bicameral foi criado, que elegeu Wilhelm Pieck presidente da República, Otto Grotewohl seu primeiro-ministro e Walter Ulbricht, antigo militante do Partido Comunista Alemão (KPD) e secretário-geral desde 1946 pelo Partido da Unidade Socialista, como vice-primeiro-ministro. Em 1950 o governo assinou um tratado reconhecendo a linha Oder-Neisse como fronteira definitiva entre a Alemanha e a Polônia. Em 1953, os excessos da planificação, a perseguição religiosa e a escassez de alimentos provocaram o levante popular de 18 de junho, tendo Berlim como foco. A rebelião foi esmagada por tropas soviéticas, mas a URSS cessou a cobrança de reparações de guerra (1954) e reconheceu expressamente a soberania do país. Logo depois a RDA passou a fazer parte da Organização do Tratado de Varsóvia.
Com a morte do presidente Pieck, em setembro de 1960, o cardo de presidente da República foi abolido e as funções executivas passaram a ser exercidas por um Conselho de Estado. À frente deste órgão e do partido, Walter Ulbricht dirigiu a política até 1971, quando foi sucedido por Erich Honecker.
O êxodo de milhões de alemães-orientais para o Ocidente (dizia-se que "votavam com os pés") foi contido com a construção em 1961 do muro de Berlim, que separou fisicamente as duas partes da cidade. Em setembro de 1964, com a morte de Grotewohl, Willi Stoph tornou-se chanceler. A partir do ano seguinte, Ulbricht adotou uma política de estreitamento de relações com o Conselho de Assistência Mútua (COMECON) e com a URSS. As cidades, em ruínas desde o final da II Guerra Mundial, foram reconstruídas rapidamente e em poucos anos o país estava entre as dez potências industriais do mundo, com uma renda nacional próxima a 200 bilhões de marcos alemães.
Em 1970, Stoph reuniu-se com Willy Brandt em duas entrevistas históricas. Em 1921 foi assinado um pacto que estabelecia relações formais entre os dois estados alemães e permitia a reunião de famílias, a troca de prisioneiros e as visitas regulares entre os dois países. Em 1973 ambos foram recebidos como membros da ONU. Em março de 1974 os dois Estados alemães acertaram em Bonn a instalação de missões permanentes nas respectivas capitais. A reaproximação entre a RDA e a RFA culminaria com a viagem de Honecker à RFA em setembro de 1987.
A República Federal da Alemanha (RFA)
A 14 de agosto de 1949 realizaram-se as primeiras eleições para o Bundestag, sendo Konrad Adenauer designado chanceler (primeiro-ministro) e Theodor Heuss presidente. Entrou em vigor em 21 de setembro o estatuto de ocupação, sendo o governo militar aliado subitituído por uma alta comissão aliada.
Adenauer teve como prioridade a política externa, acumulando a pasta do Exterior, criada em 1951, e baseando sua política na aliança com o Ocidente e no conceito federalista de união da Europa Ocidental. Em 1955, o país ingressou na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e em 1957 uniu-se a cinco outros países para formar a Comunidade Econômica Européia (CEE). Fato decisivo para as relações internacionais foi a assinatura em 22 de janeiro de 1963, em Paris, de um tratado de cooperação entre a RFA e a França, com o objetivo de superar divergências seculares entre os dois países.
Com a renúncia de Adenauer em outubro de 1963 o Bundestag elegeu Ludwig Erhard como chanceler. Durante sua gestão foi proposto o plano de uma "força nuclear multilateral" dentro da OTAN, em que o país insistia em participar com igualdade de status. A coalizão governamental rompeu-se em outubro de 1966, e a 1o de dezembro Kurt Georg Kiesinger tornou-se chanceler, formando um gabinete de coalizão entre democrata-cristãos, social-cristãos e social-democratas.
Em 5 de março de 1969, Gustav Heinemann foi eleito o presidente social-democrata em pleito realizado em Berlim Ocidental. As eleições parlamentares de outubro resultaram na primeira mudança real do poder político em 20 anos. Willy Brandt, líder dos social-democratas, tornou-se chanceler, iniciando logo gestões para uma aproximação entre as duas repúblicas alemãs, que culminaram nos acordos firmados, em 1971, com Willi Stoph, primeiro-ministro da RDA, sobre a liberdade de trânsito entre as zonas ocidental e oriental de Berlim. Em 1972 os governos das duas repúblicas assinaram o tratado Básico, pelo qual se comprometeram a desenvolver relações normais, e, em 1973, tornaram-se membros da ONU.
Em 1974 descobriu-se que um dos assessores do chanceler, Günther Guillaume, era espião a serviço da RDA. Embora inocente, Willy Brandt preferiu renunciar, sendo substituído por Helmut Schmidt, ministro da Economia. No mesmo ano o presidente Heinemann deixou o cargo devido à sua idade avançada e foi sucedido por Walter Scheel, ex-vice-chanceler e ministro do Exterior, na época presidente em exercício do Partido Liberal Democrático (FDP).
A tensa situação política em 1989
A 19/01/1989, o então chefe de Estado da Alemanha Oriental, Erich Honecker, declarava que o Muro de Berlim estaria "ainda em pé dentro de cinqüenta ou mesmo cem anos, se persistissem as razões para a sua edificação". Menos de dez meses depois, uma multidão de alemães dos dois lados, munidos de picaretas, derrubavam o Muro e comemoravam o fim de uma separação forçada de mais de quatro décadas. A 03/10/1990, a nação alemã, dividida após a derrota na II Guerra Mundial, encontrava-se de novo unificada. Neste curto espaço de tempo, a história alemã tivera uma de suas mais rápidas e radicais viradas de repercussão mundial, ainda não totalmente avaliadas. O principal protagonista dessa mudança foi o próprio povo do leste alemão, que isolou e derrubou o governo de Honecker (no poder desde 1971), afastando do caminho todas as barreiras que impediam a unificação. O primeiro passo foi dado no verão de 1989, quando milhares de alemães-orientais viajaram de férias aos países do Leste, particularmente à Hungria que, desde 2 de maio, começara a desmantelar a rede eletrificada em sua fronteira com a Áustria. Em 19/08/1989, cerca de seiscentos alemães, misturados a milhares de húngaros e austríacos, atravessaram esta fronteira, depois de um piquenique organizado pela oposição húngara e por um deputado austríaco, para facilitar essa passagem. Da Áustria, eles foram para a Alemanha Ocidental. Ao mesmo tempo, milhares de outros alemães-orientais mantinham ocupadas as embaixadas de seu país em Praga e Varsóvia reivindicando também a emigração para o lado ocidental. A forte reação de Berlim Oriental e o medo de deterioração nas relações inter-alemães levaram, em um primeiro momento, a atitude de cautela por parte de Bonn. Isso se refletiu no retrocesso do governo húngaro, que chegou a proibir (depois de uma reunião entre Helmut Kohl e seu colega húngaro Miklós Németh) a permanência de alemães-orientais na região fronteiriça com a Áustria. Mais tarde, Budapeste afirmou que a partida dos refugiados estava condicionada a um acordo entre os governos das duas Alemanhas. Mas a 11 de setembro a Hungria abriu definitivamente as fronteiras aos refugiados. Mais de 10.000 cruzaram as fronteiras aquele dia, enquanto o governo Honecker acusava Budapeste de violação dos tratados internacionais. No final do mês, calculava-se em 25.000 o número de refugiados que haviam atravessado a fronteira. O êxodo continuou a 1o de outubro, quando 7.000 refugiados na embaixada da Alemanha Ocidental em Praga, foram autorizados a partir em trens especiais, que atravessaram parte do território oriental. Logo após sua partida, nova onde de refugiados ocupou a embaixada, e o governo de Berlim cedeu mais uma vez. Mas para prevenir novas fugas, restabeleceu-se a obrigatoriedade de vistos à Tcheco-Eslováquia. Nos dias 4 e 5, milhares de pessoas correram às estações ferroviárias por onde passavam os trens com os refugiados, na tentativa de acompanhá-los. Entraram então em choque com a polícia, particularmente em Dresden. Nessa época, também começaram, em Leipzig, as manifestações da oposição, todas as segundas-feiras, após o serviço religioso nas igrejas luteranas. Nelas destacou-se a recém-criada organização oposicionista Novo Fórum. Quando Mikhaíl Gorbatchóv visitou a Alemanha Oriental para o quadragésimo aniversário de fundação da República Democrática Alemã (6 e 7/10), foram visíveis as divergências entre ele e Honecker, que se recusava a seguir o caminho da pierestróika. Além disso, a presença do líder soviético serviu de incentivo a novas manifestações oposicionistas. O forte aparato policial não impediu 3.000 manifestantes de protestar contra a Stasi (a polícia política), pedir a Gorbatchóv que viesse a seu encontro na rua e gritas o slogan "Nós ficamos", como uma afirmação de seu desejo de permanecer no país. Nos dias que se seguiram a polícia reprimiu as manifestações e efetuou centenas de prisões, mas não pôde pôr fim ao movimento. A disposição do prefeito de Dresden, Hans Modrow, em receber uma delegação de dirigentes oposicionistas e a promessa de continuar o diálogo, bem como o anúncio feito por Honecker de reformas políticas e econômicas que incluíam a fixação de salários de acordo com a produtividade, maiores facilidades para viajar ao exterior e mais liberdade de imprensa, foram concessões que acabaram por incentivar ainda mais os protestos. A maior manifestação ocorreu nas ruas de Leipzig, a 16/10, com mais de 150.000 pessoas. A 18/1/1989, Honecker renunciou a todos os seus cargos na chefia do Estado e do Partido Socialista Unificado (PSU), alegando motivos de saúde, e indicou para substituí-lo o número 2 do regime, Egon Krenz. No entanto, a desconfiança da população em relação à Krenz chocou-se com todas as tentativas de Krenz em assumir o controle da situação e estas foram incapazes de conter os protestos: 300.000 manifestantes em Leipzig a 23/10, outros tantos a 30/10, exigindo eleições livres e democracia. A 03 de novembro, o anúncio da reabertura da fronteira com a Tcheco-eslováquia provocou a saída do país de mais de 40.000 pessoas. No dia seguinte, a oposição deu uma extraordinária demonstração de força, levando mais de meio milhão de pessoas às ruas de Berlim. Três dias depois, renunciavam o primeiro-ministro Willi Stoph e seu gabinete, seguidos de todo o Politburo do PSU, que passou por grandes mudanças.
A Queda do Muro de Berlim (09/11/1989)
Foi nesse quadro de crise absoluta e perante a ameaça de nova manifestação dos oposicionitas, em Berlim, conclamando a uma marcha sobre a fronteira, que Günther Schbowshi, do Politburo, anunciou a abertura de todos os postos fronteiriços com a Alemanha Ocidental e a entrega imediata de vistos a quem quisesse viajar. Nos dias seguintes, cerca de 2 milhões de alemães-orientais atravessaram o Muro para passar o fim de semana do outro lado, voltando para casa a maioria deles. Alemães dos dois lados confraternizaram por cima do Muro, arrancando pedaços dele com picaretas. Novas aberturas foram feitas, para facilitar a passagem. Em poucos meses, a maior parte do Muro tinha sido demolida, sendo alguns de seus trechos conservados apenas como recordação. Em 06/12/1989, Egon Krenz, reconhecendo que não contava com a confiança da população devido aos diversos escândalos e denúncias de corrupção envolvendo Honecker e a cúpula do PSU, renunciou. Foi então substituído pelo líder do Partido Liberal Democrata, Manfred Gerlach. No dia seguinte, a reunião da mesa-redonda do governo com a oposição convocou eleições gerais a 06/05/1990. Ainda em dezembro, o Congresso Extraordinário do PSU aprovou a mudança do nome do organismo para Partido do Socialismo Democrático (PSD). O ano de 1990 começou com grandes manifestações em frente às sedes da Stasi, para impedir a ocultação de provas que incriminassem em casos de corrupção os dirigentes comunistas (a 15/01/1990 a multidão invadiu e praticamente destruiu a sede da Stasi em Berlim). O aprofundamento da crise levou a mesa-redonda a antecipar as eleições para 18/03/1990 e a reformular o gabinete de modo incluir nele um ministro sem pasta para cada um das nove organizações de oposição.
A necessidade de reunificar a nação alemã foi demonstrada pela própria população dos dois lados, que a pôs em prática, desde a queda do Muro, sem esperar pelas decisões de seus respectivos governos. Na verdade, a quedo do Muro pegou desprevenidas as principais potências mundiais e as próprias autoridades das duas Alemanhas, que se declaram favoráveis à manutenção do status quo estabelecido após a II Guerra Mundial. Essa posição, no entanto, foi mudada radicalmente. Após uma exortação de unificação, a 31/10/1989, por Theo Waigel, dirigente da União Social Cristã, o primeiro-ministro da Alemanha Ocidental Helmut Kohl apresentou a proposta de unificação das duas Alemanhas em uma confederação. Vários foram os motivos para a ofensiva democrata-cristã a favor da unificação. O êxodo de 2.000 pessoas por dia já começava a causar sérios problemas a uma economia castigada por altas taxas de desemprego. A deterioração crescente da economia oriental, por sua vez, cada vez mais empurrava cidadãos para o outro lado, o que ameaçava levar à derrocada o próprio Estado oriental. Finalmente, a posição de Kohl pró-unificação imediata teve evidentes objetivos eleitorais, pois este, em seu segundo mandato, já vinha mostrando sinais claros de desgaste. A 31/08/1990, delegações das duas Alemanhas assinaram o acordo de unificação política, que entrou em vigor a 03/10/1990.
Atualmente, o dia 03/10 é feriado nacional e celebrado pela Unificação Alemã.