O medo arraigado

Ainda dou risadas do papelão que passei no mesmo dia que encontrei com o Thomas pessoalmente pela primeira vez. Era tarde da noite e caminhávamos de volta para casa pelas ruas já não mais tão movimentadas de Berlim. Cenário completamente atemorizante para quem mora numa cidade grande brasileira. Foi quando ouvimos um cara gritando para nós. Eu, que não entendia nada de alemão e já assustada pelo tom próprio da pronúncia da língua alemã, agarrei a mão do Thomas e desandei a puxá-lo fugindo dessa pessoa. A primeira coisa que me ocorreu foi um assalto ou algo nessa linha. O garoto começou a correr atrás de nós e o Thomas, sem entender nada, apenas resistia ao meu movimento de arrastá-lo para longe. Foi então que parei e o garoto com uma cara de interrogação chegou mais próximo e perguntou se tínhamos isqueiro. Um isqueiro? Nossa, que alívio! J Naquele momento percebi o quanto o medo está enraizado em mim, especialmente por morar numa cidade onde a violência é uma constante.

O Thomas levou um tempo para entender aquela minha reação, pois obviamente ele não está acostumado com esse tipo de hábito. Acabei fazendo papel de boba, mas não tem como mudar aspectos que nos foram passados pelo ambiente em que vivemos. O seguro morreu de velho! J